No começo do mês de março, a princesa Aiko, de oito anos, apresentou estado de ansiedade e se queixou de dores no estômago deixando de ir à escola. O porta-voz da família imperial afirmou que a princesa e outros alunos estavam sendo perseguidos por meninos de outra turma.
O incidente com a princesa Aiko no Japão serviu para chamar a atenção da mídia do fenômeno bullying que mundialmente tem se tornado um problema constante inclusive no Brasil mas, o que muitos não sabem, o bullying no Japão não é recente e é conhecido como Ijime, que significa ¨judiação¨.
Se hoje a violência do bullying ocupa lugar de destaque na mídia, no Japão o assunto é tratado com muita discrição. No final da década de 90 o jornalista francês Étienne Barral, que há muito tempo vive no Japão, escreveu o livro ¨Otaku¨ (no Brasil, ¨Otaku: Os Filhos do Virtual¨ publicado pela editora Senac) que abordava a alienação e exclusão social dos jovens japoneses utilizando como ¨válvula de escape¨ a cultura pop e as novas tecnologia. Barral relata casos verdadeiros de jovens que sofreram abusos de Ijime, ou bullying se preferir. Entre os mais chocantes dos relatos verídicos se destaca a propagação da seita Aum (responsável pelo ataque terrorista nos metrôs de Tókio) cujo seu líder, Asahara, aproveitou da fragilidade de jovens japoneses para criar uma religião de acordo com sua vontade.
Provavelmente o bullying estimula as suas vítimas a praticar atitudes extremas como os jovens seguidores da seita Aum, os assassinatos em Columbine em 1999 e tantos outros que são reflexo do problema gerado pela violência cada vez maior do bullying.
O descaso de autoridades (professores e diretores de escola) e a ausência de diálogos com os pais contribuem para as consequências e propagação do bullying. Mesmo sendo princesa, Aiko não está imune do bullying, chamando atenção para esse problema cada vez maior.
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